Conluio cênico

Ali estávamos de novo naquele pardieiro decadente que talvez em priscas eras, honrasse o nome "Le Jardin", ostentado em neon na fachada carcomida pelo tempo, clima e poluição. E mais uma vez, no constrangimento habitual de um Casanova falido, convidei-a a ir até a janela e contemplar a vista do centro da metrópole, truque manjado para desviar a atenção dos móveis velhos, espelhos borrados e torneiras enferrujadas daquele matadouro de expectativas românticas. Enquanto despia meus andrajos, fitei a silhueta nua, esguia, apoiada num dos pés, braços apoiados no batente da janela, com costas, nádegas e pernas ocultas pela penumbra do quarto, mas os seios, ventre e o rosto emoldurado com cachos de medusa expostos à luz do poste em frente, ao alcance da vista de algum sortudo que por ventura olhasse para cima. Ela sabia muito bem que tipo de impressão me causava quando, fingindo indiferença e olhando para o nada,, acendia um cigarro e trocava de pé de apoio, fazendo aquelas nádegas ...