Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2022

Senzala

Imagem
Uma senzala chamada frente de trabalho Sob um amontoado de palha e gente acordamos E em andrajos seguimos à labuta, sem café nem pão O sol nos fustiga tanto quanto o açoite do linguajar e das chibatas Como que testando a tenacidade de nossa nobreza ancestral Ninguém produz como nós, a um preço tão irrisório Mas nosso salário é o desprezo e a negação da justiça Nosso jantar são restos da casa grande, que sucede o almoço ausente Somos fortes, temos mais sangue do que músculos, mas resistimos À revelia da opressão, cantamos e dançamos, reverenciando o sagrado que há em nós Até que o crepitar da fogueira se esvaia, assim como nossa energia Trazendo penumbra e silêncio ao cativeiro que nos é catre, sonho e alcova Os ciclos garantirão a nós o sofrimento, a exploração e o escárnio Mas nunca nos tirarão a fibra de uma estirpe forjada na beleza de uma história milenar Hoje crispamos nossas mãos sulcadas em arados e enxadas E arrastamos correntes que prendem nossos corpos, mas não o espírito Um ...

Lonjuras

Imagem
Lonjuras são passado, não distâncias Este mesmo passado que transforma momentos em lembranças  E distâncias em hiatos de similaridades compartilhadas Até porque momentos também podem ser reencontros E como vivências que são, duram a eternidade das promessas vãs Cedendo ao jugo da nostalgia do que foi fogo e agora é cinza Tornando viço em finitude e as lonjuras, ocaso eterno sob o jugo da saudade.