Alteio

Num ímpeto determinado, ousou sair da barraca, enquanto os primeiros lampejos da aurora iluminavam o dourado esmaecido da vegetação da cordilheira. Ainda que os alísios gélidos da montanhas teimassem em enregelar seu corpo combalido pela noite insone, prostrado sobre o chão forrado de jornais e mantas de seu iglu artificial, a paisagem que se descortinava era um estímulo e tanto para reacender o fogareiro e requentar o atro líquido que amornaria suas entranhas e despejaria em seu sangue a preciosa cafeína. Aos poucos, o hálito solar dissipava a espessa neblina, desafiando a quão longe os olhos poderiam divisar. À frente, o abismo rochoso transmutava muito abaixo em densas florestas, que se espalhavam densamente por léguas, para então entregar o espaço a pastos, vilas e fazendas. Mais além, uma extensa represa e no horizonte oposto, outra cordilheira, encimada por nuvens que lhe encobriam os cumes. Um errante cachorro do mato o observava de longe, com as orelhas eretas, confuso ent...