Divagações sobre fugas

Às vezes tendemos a imaginar um fugitivo sob o prisma da impropriedade ética, moral ou legal, alguém que pelo infortúnio da causa injusta, tem que dar cabo à sua visibilidade em prol de uma incerteza geográfica que lhe salve pescoço, honra ou até culhões, de um merecido castigo.
Mas... E quando a tal "fuga" é de nada, nem ninguém, ou no máximo, de si?
Se nada temos a nos ameaçar, de quem ou do que fugimos?
Pode não ser propriamente uma fuga. 
Pode ser simplesmente o atendimento a um anseio de privacidade, o cansaço ante o jugo do senso comum, a negação de se anular em virtude do premente alheio em detrimento das próprias preferências ou até o direito do exercício da oportunidade de estar na melhor companhia possível, mesmo que esta seja a própria.
Divago sobre isso na vivência do que explicito. 
Num ambiente onde o caos visual dá lugar à predominância do verde da natureza, o rumor de carros e ruídos urbanos é sobrepujado por murmúrios silvestres, o ribombar da água sobre as pedras soa como música mais que fenômeno físico-acústico.
Isso não é propriamente uma "fuga", mas a busca da mais plausível similaridade daquilo que se conceitua como "estar bem" ou "bem-estar", percepções à parte.
De tudo fica a questão: 
Se o que me apraz, hoje é exceção, o que fiz de minha vida para subverter a lógica dos anseios de meu ser?
De momento, postergo a conclusão. 
O sussurrar do vento e as sensações que me enlevam a natureza são anestésicos potentes deveras para que ouse a consciência me despertar para a realidade que de momento, prefiro ignorar.

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