Evoé
Noites escritas em letras e vinho
Ocultas do luar por paredes e teto
Povoadas por amantes, brindadas a Baco
Com corpos nus, na cúmplice busca do gozo
Ao sabor um do outro, pele, mucosas, dentes e línguas
Numa dança lúbrica, entre contrações e gemidos
E pelas frestas da persiana, invasivos e reveladores
Fiapos de luz banham os dorsos suados com invejoso luar
Como fustigados fossem por Selene, em triste solidão
Pelo pecado do êxtase que teimavam em ostentar
Entre idas e vindas, dentro e fora de si, em corpos e sentidos
Qual siameses com a promessa de uma infinitude efêmera
A postos para o clímax, onde o céu fosse instante, não promessa
Até que gemidos suplantem os sussurros, e espasmos, os carinhos
Lembrando os sentimentos que seu combustível são sensações
E que os olhares de rostos que se fitam são a visão da perfeição
E o hálito perfumado pelas intimidades profanadas, um convite ao porvir
Até que Morfeu traga o sono a quem sonhou acordado entre lençóis
E que Selene conceda a Helios a primazia pelas frestas da janela.
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