A reunião

O silêncio de sua mente contrastava com o cacofônico alarido advindo da mesa redonda executada naquela távola quadrada. 
E subitamente desperto, espantou-se com o quão pouco pode ser dito em tanto desperdício de vocábulos esparsos.
Num magnífico esforço cognitivo, empenhou-se em concatenar as frases proferidas com a errática pertinência do arbítrio de quem as dizia, em franca dissonância com a atenção de outrem, a qual contraditoriamente, inexistia.
Pensava no que urgiam suas demandas, na lógica que faltava no fato de prostrar-se, obediente e anímico, sobre aquele móvel quadrangulado, como se tudo que lhe conviesse fossem filigranas de irrelevância face ao jugo da burocracia.
Antes que o juízo das circunstâncias alheias se submetesse à própria gênese, a estridência da sirene rasgou-lhe o véu do torpor da semiconsciência com a higiênica panaceia libertadora da célere marcha dos cronógrafos que lhe anunciava novas obrigações. 
Levantou-se de súbito e caminhou solerte no rumo da vida real,
Afinal era de lá que jamais deveria ter se ausentado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Flora humana

Emoções Químicas

Pra tudo acabar na quarta-feira