In tenebris

In tenebris

As costas doem no estrado coberto com palha
E o travesseiro envolve nuca e orelhas num puído abraço
Na escuridão do cubículo imagino estrelas num firmamento de estuque
E os lençóis me protegem do ar encanado das frestas, roçando meu corpo
Descobri há tempos que a escuridão é o silêncio que oclude a luz
E cada mínimo movimento dos seres notívagos é  convite ao despertar
As próximas horas serão minutos se eu dormir
Assim como dias, se permanecer desperto
Há um passado roto no tecido do tempo, qual trilha que aqui me jazeu
Tragando minhas vivências, prometendo um futuro banal
Que quando chega, se revela em um presente que nunca passa
Em alguma realidade me projeto, sob o torpor do onírico
Sonhos que às vezes até esperançam
Disputando a primazia do meu íntimo com a aflição dos pesadelos
Tragando delícias e tormentos ao limbo de um insípido despertar 
Meu derradeiro tônus se entrega ao torpor do cerrar das pálpebras
E me despedindo das divagações, do palpável e da rudeza da consciência
Os sentidos enfim me abandonam, dando a vã esperança de nunca mais retornarem.

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