Original Pecado

Eu era Adão, despertando com o gosto de maçã na língua cansada das notívagas incursões naquele corpo ainda adormecido, prostrado no torpor do deleite.
E a perdição, ainda  prostrada em lençóis, ressonava qual felina, desafiando sua face a expressar alguma sensação que não fosse sereno contentamento.
A fresta na janela deixava perpassar um fio de luz, qual holofote, que à medida em que profanava o templo de minha volúpia, revelava convidativas nádegas, despudoradamente expostas pelo capricho de um cobertor amarfalhado.
Os cabelos bagunçados, qual ráfia desfiada, acortinando com grandes rasgos aquela tez acetinada, que circundava carnudos e carminados lábios, entreabertos, quase num convite involuntário à luxúria.
Seus olhos se entreabriram, confrontando meu olhar, para então me brindar com uma piscadela.
Despiu seu semissorriso onírico, mordiscando o lábio inferior, num desafio explícito à minha libido, ao qual servilmente retribuí com uma ereção.
E num átimo de consciência, ao ceder novamente ao conluio do desejo mútuo,    dei graças à serpente que nos ofertou o fruto proibido.

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