Parnaso
Sob o manto frio da indiferente fleuma,
O castigo vagueia e a morte conspira,
Na penumbra dos dias, minha sina prevalece,
Esvaindo o alento nas areias da ampulheta
O fado desdito a mim relegado
De engodos gozosos se fez vereda,
Ao poeta insano que vagueia ao léu
Das escarpas abissais de uma alma perdida.
Nas veias lateja a volúpia excruciante,
De rostos e corpos que singram meu ser,
E em rotos versos, maldito me retrato,
À cupidez dos algozes, meu banquete de fel.
Bruxuleia a centelha, luz mortiça de meu ser
Alumiando com sombras minha essência
Detentora da solitude na prescruta de abrigo,
Na sublime culpa da paixão levada a termo
A cálida razão, qual fera acorrentada,
Meus desatinos recrimina, qual brida me cerceia
E de júbilo e lágrimas num embate desigual
Minha sina transcende, de augúrio a epitáfio.
Ah, destino! Indiferente algoz
Deste tolo bardo de coração maltrapilho
A consequência é aguilhão que me trespassa o peito,
Para que a dor me acalente com seus braços de impostora
No âmago da alma, o oco se preenche
De lembranças e delírios, o fio se faz novelo
E imerso em miragens de fatos e devaneios,
De mim mesmo sou estranho, sem jamais me encontrar.
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