Travessa Maturidade
O sol luzia no firmamento, tanto quanto em seus rostos vincados pelas agruras da marcha inexorável do tempo.
E os reflexos no granito do pavimento mostravam o caminho a seguir, sempre no rumo dos lampejos.
O grisalho de seus cabelos prateavam a aragem que os revolviam, quais brilhos de estrelas que fulgiam em miríades.
As mãos cansadas que seguravam o guidão, mais se apoiavam nele que o seguravam, mas eram suficientes para manter o equilíbrio do casal.
As pernas e pés esquálidos, expostos por bermudas e chinelas, percorriam ciclos nos pedais e pedivelas, dando rumo à intenção de ambos, alheios às gentes, carros e casas que os ladeavam.
Na garupa, os graciosos trejeitos de uma dama extasiada com o vento que acariciava sua tez cansada, contratavam com os puidos panos que a trajavam, trazendo em tons pasteis, um encanto próprio dos quadros de Degas.
Quisera um pedregulho se interpor entre o caminho e o biciclo, furtando do casal o equilíbrio, lançando-os ao canteiro, onde um arbusto os acolheu, negando à tragédia o privilégio, tornando-o um mero susto.
Passado o estupor do inesperado, os amores da vida um do outro se entreolharam e cientes que o passeio se tornara travessura, rolaram até a relva, onde num abraço juvenil e apaixonado se beijaram, sob as bênçãos da natureza que lhes sorria.
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