O Porvir Por Não Ser

Estávamos num restaurante, apenas nós dois sentados à mesa e um garçom a nos servir. 
Na mesa um salmão de um carmim intenso, uma garrafa de vinho tinto envolta em um guardanapo de pano branco. 
Toalhas de mesa e cortinas, assim como o uniforme do garçom, todos brancos. 
O salmão jazia em nossos pratos, mas não havia talheres nem copos. 
Você parecia não se importar e sorria, contrastando com meu desespero na iminência de te decepcionar de alguma forma. 
Seu sorriso persistia a dizer tudo e muito pouco; seus olhos de soslaio, me fitando. 
O garçom permanecia impávido ao lado da mesa. 
Tentei dizer a ele que trouxesse os talheres e os copos, mas não conseguia emitir nenhum som. 
Cambiando olhares entre você e o garçom, muito desconcertado, tentei levantar. 
Acordei neste ímpeto de pôr-me de pé, aturdido entre a vigília e o confortável estupor. 
Você se foi, esvanecida numa etérea inconsciência que já começava a deixar saudades.

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