Onírico promenade
O silêncio ao redor contrastava com o burburinho incessante em minha mente. E na solidão própria dos amaldiçoados com a eterna vigília, o que faltava em vivências, sobrava em devaneios: pessoas, situações, histórias, sucessos, fracassos, arrependimentos, promessas não cumpridas, indo e vindo em memórias do que já aconteceu, nunca houve e o que poderia ter sido. Contemplar a escuridão ao relento da vastidão do descampado me assustava, não na perspectiva de que algo pudesse me acontecer, mas justamente o oposto: que o vazio atro e inerte persistisse, tornando em limbo uma realidade outrora plena de cores, sons, presenças e interações. A relva orvalhada sob meus pés descalços garantia que o torpor não sequestrasse de vez minha consciência e na busca de inspiração, tornei os olhos ao firmamento, onde nuvens se moviam ao sabor dos alísios, encobrindo e descortinando uma miríade de estrelas errantes. Prostrei-me ao solo, em decúbito, admirando o embate entre nuvens e estrelas pela primazia n...