Serenus Finis
Após um lapso indeterminado, de horas, minutos ou segundos, sabe-se lá, abri os olhos. Uma nesga de muro verde obstruía a visão de um amplo céu carrancudo, pleno de cúmulos, nimbus e estratos, sem espaço ao menos para um azulzinho sequer de firmamento. Meus membros formigavam, enquanto a frialdade do piso cerâmico amortecia a pele de minhas costas nuas, contribuindo para que o entorpecimento desse aos poucos, protagonismo a um claudicante retorno à consciência. O único som que se ouvia era o ruído surdo e intermitente de motores dos carros que iam e vinham nas ruas ao largo. Pensei em me levantar, mas uma acachapante abulia me mantinha estático, impedindo-me de saber se o que me mantinha cataléptico era só apatia ou algum tipo de paralisia incapacitante. O torpor do recém-despertar deu lugar ao temor do desamparo e se tornou em pavor quando tentei gritar por ajuda mas não me lembrei de nenhum nome e o som que saiu de minha garganta foi um urro gutural e inaudível. O formiga...