O pavão
Ultimamente meus momentos de folga são tão escassos quanto as esparsas recorrências de amigos das antigas procurando-me para um rolê regado a bate-papo. O que não me pareceu óbvio de início era uma premente necessidade de autoafirmação desse meu parceiro de tempos idos, uma excrescência de carência afetiva que para um quase quinquagenário, soava meio ridícula. Acomodei-me naquele carro de empresa e quase me entorpeci com aquele olor carregado, próprio de fragrâncias espalhadas pelo corpo com o descuido de se exceder em muito a parcimônia. Enquanto tentava ficar sóbrio, num épico embate olfativo com o olorante bodum, ouvia relatos de viagens à Disneyworld, contemplações em consórcios, presentes caros dados a concubinas e uma estranha lealdade canina a quem lhe oprimia mas era "digno de sua consideração" por recompensar-lhe com a oportunidade de ser sempre um escroto exposto às carícias figurativas e quem sabe, até físicas, deste inacreditável puxa-sacos típico. A tentativa de ...