Pra tudo acabar na quarta-feira
Que madrugada de terça-feira gorda foi aquela?! Na verdade, continuava sendo, pois para os demais foliões que ainda persistiam no frenesi hedonista, os festejos de Momo só se encerrariam ao último percutir da baqueta no bumbo ou então na exaustão definitiva de seus corpos fantasiados, pintados, semidesnudos e cintilantes de glitter e suor. Não era este o meu caso. Já eram quase três da manhã e às seis eu pegaria no batente, portanto pus-me no rumo de casa, certo que uma ducha e algumas horas de sono pudessem despertar em meu íntimo a motivação de encarar um plantão que duraria doze voltas completas no relógio. Nas ruas, a fauna festiva pulava atrás dos carros de som, urrando em uníssono o bordão próprio dos estertores carnavalescos que atravessava eras, sem contudo perder seu significado de fim de festa: "é hoje só, é hoje só..." Subitamente, duas delicadas, porém vigorosas mãos me seguraram os quadris por trás, empurrando-me à frente num irresistível impulso, fazendo com que...